segunda-feira, 1 de julho de 2013

Capítulo 1. O Casamento

O Casamento
 Imagem representando o casamento real de Sol e Lua


“E então, aquilo era a felicidade. Seus braços fortes e lisos me envolviam e eu deitava em seu peitoral sexy. Meu cabelo ruivo escuro, discrepando de minha pele branquíssima, caia pelo pescoço dele e o Mar me envolvia com sua mansidão que só ele me fazia sentir. E então, aquilo era a felicidade. Correndo todos os riscos, eu conseguia ser feliz. Eu não tinha medo das consequências, pois sabia que lutar pelo amor sempre valeu a pena!”

No dia de seu casamento, Lua estava muito empolgada. Vestiu-se com um vestido azul claro adornado com fios de ouro, tudo muito fino. Sol trajava vestimentas cerimoniais neste dia. As roupas para a festa haviam sido costuradas pela mais bela e mais habilidosa alfaiate do reino. Lua, a rainha da noite, apesar de todas as desavenças com o Príncipe do dia, acreditava que aquele era o amor de sua vida, que Sol, com sua sensualidade romântica, às vezes meio assustadora, poderia fazê-la feliz. Ele era o homem perfeito para ela. Lua e Sol: haveria combinação mais perfeita do que esta? Sol já havia se relacionado com outros seres mágicos, como Flora, mas acreditava amar Lua.

Desde quando resolveram habitar a Terra, os Seres de Poder passaram a ser mais influentes do que imaginavam, eram companheiros que os humanos não sabiam ter. Passaram a ajudar os homens. Era isso que eles queriam. A humanidade estava vivendo um tempo de muita servidão e as chamadas Guerras Santas estava massacrando muito mais gente do que se pensava. Pessoas inocentes estavam morrendo. A fome e a miséria estavam se alastrando por pura fome de poder e dominação territorial e cultural. Os Seres de Poder se compadeceram dos humanos e resolveram ajudar. Mas eles sempre estiveram presentes, ajudando os humanos em tudo. Ensinaram-lhes a agricultura, a escrita, a construção civil, a Astronomia e todos os conhecimentos antigos, inclusive a Magia da Tradição Antiga, que estava sendo destruída em fogueiras pela hipocrisia santa. Os Seres de Poder eram necessário à vida no Planeta.

Naquele dia de casamento, uma cerimônia tradicionalmente humana, muitos dos Seres de Poder estavam ali reunidos. A Fauna, a Terra, o Equilíbrio, A Flora, o Mar entre outros, e inclusive outros seres místicos que nasceram da crença humana e se tornaram reais, como os faunos, silfos e salamandras, que também habitavam corpos humanos, estavam todos festejando. A maioria dos Seres de Poder eram amigos entre si; pelo menos tentavam ser.

O dia estava muito ensolarado, não era para menos: Sol estava se casando e tivera uma conversinha com a Senhora Chuva, que lhes deu este presente, um dia sem chuva. O casamento estava ocorrendo no alto de uma montanha rochosa cinzenta, mas que abrigava uma volumosa vegetação de folhas verde claro, reluzindo a luminosidade daquele dia que, para Sol e Lua, mostrava especial.

A festa não estava sendo comemorada apenas por seres místicos. Acontece que, os humanos não tinham conhecimento de que os festeiros eram muito mais do que apenas carne e osso, eram mágicos. Mas este segredo estava restrito à Sociedade Mística Secreta, a S.M.S.

Sol ocupava a posição de rei naquela região da Inglaterra. Em outros momentos ele fora faraó nas terras do Egito, mas como este país perdera sua importância política e econômica, o astro diurno resolvera mudar-se para a Inglaterra, que prometia muitas conquistas. Sol era um rei muito famoso e gostava de ser chamado pelos humanos de Rei Sun, nada sugestivo!  Este era possuidor de muitas propriedades e de um imenso castelo com decorações de ouro. Ele não era um reio muito legal com seus subordinados. Isto irritava Lua, que popularmente era chamada de Luna. Como condição do casamento, Sol prometeu à Lua que diminuiria os impostos e aboliria a pena de morte e passaria a pagar salários aos seus escravos. A bondade de Lua irritava Sol, mas como queria muito se casar no Mundo dos Simples com ela – era assim que o mundo dos humanos era chamado pelos Seres de Poder -, fizera a promessa de amolecer seu coração.

Cada vez mais convidados chegavam à festa. Os mais ricos vinham em elegantes carruagens por um caminho que aparecera misteriosamente na montanha. Sol conversara com Terremoto e Mãe Natureza, a Anciã, e estes lhe fizeram o favor de construir uma estrada para o topo da montanha. Os mais pobres vinham em simples carruagens ou até mesmo a pé: estes eram os convidados de Lua, os pobres camponeses – Lua possuía imenso carinho por eles.
Lua sempre fora bondosa e amava muito aos humanos. Sendo um ser mágico, poderia possuir a posição que quisesse entre os humanos. Poderia se uma princesa, uma baronesa e até uma rainha, mas preferira nascer camponesa nesta vida. Em outras vidas, Lua encarnara-se como homem, participando de guerras e doando-se aos humanos, mas sempre era simples. Os seres secretos não tinham sexo, vestiam-se em corpo de homem ou mulher apenas por conveniência. Acontece que aqueles seres que se envolviam mais com os humanos tinham que dar um jeito de envelhecer para não causar suspeitas, mas isto atrapalharia suas atividades, então, alguns se mudavam sempre de reino, ou simplesmente desapareciam da sociedade em que estavam vivendo; outros fingiam assassinato ou morte por doença e então encarnavam novamente em outro contexto.

  O Padre acabara de chegar com seus ajudantes. Sol e Lua não gostariam de se casar nesta religião, mas como a Guerra Santa estava tomando o reino, não quiseram causar alardes, então resolveram jurar perante a Cruz. Afinal, aquela cerimônia para eles era mais simbólica, queriam seguir os padrões humanos, afinal, viviam entre eles. Viver no Mundo dos Simples não era tão fácil assim para os Seres de Poder.

- Vós, nossa Real Majestade, o Rei Sun, aceita a nossa Futura Rainha Luna como sua legítima e eterna esposa?

- Obviamente que sim, Padre. – Sol sorria para Lua.

- Vós, nossa Majestade, a Rainha Luna, aceita nossa Ilustríssima Majestade, o Rei Sun, como seu legítimo e eterno esposo?

- Sim, Padre. – Lua olhava sempre pra frente, sem piscar e ouvia atentamente as palavras do religioso.

- Pelo poder a mim concedido, eu declaro vocês marido e mulher, nosso Rei e nossa Rainha.


Naquele momento os dois se beijaram e todo o povo levantara-se em festança e gritos de salve, desejando felicidade à Família Real. Afinal, por muito tempo, Sol reinara sozinho. Havia algo estranho naquele beijo de casamento. Qualquer um diria que eles realmente se amavam. Lua realmente tentava acreditar que aquele era seu par perfeito e que o amaria para sempre. Mais tarde a Rainha Luna descobriria que aquela não era a união tão sonhada por ela. 

Dayvid Fernandes- O Autor
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